Por: Márcia Vieira Ávila
Já vos aconteceu mergulhar tão profundamente numa leitura que, às tantas, questionamos se serão aquelas descrições ficção ou se eventualmente existem de facto?
Seremos corajosos o suficiente para pegar no livro que nos apaixona e seguir o caminho descrito? Ou limitamo-nos a viajar ali recostados no sofá?
Quantas vezes as descrições são tão bem feitas que, ao lermos determinado livro, parece que estamos a ouvir os nossos próprios passos naquele caminho ali escrito? Quantas outras vezes temos a leve sensação de que conhecemos aquele lugar, que nos faz lembrar um país, uma cidade, uma ruela em que já passámos?
Uma sensação de déjà vu que nos invade quando a composição poética é tão forte que quase nos transporta aos locais e sentimos os sentidos a latejar numa simples leitura.
A verdade é que há livros que vão muito além das descrições literárias. Há livros que são autênticas fotografias escritas, palavras alinhadas de tal forma que os lugares saem dos livros e os vivemos como se lá estivéssemos fisicamente.
Livros que descrevem meticulosamente os locais reais, com pessoas reais e vivências nuas e cruas. São essas puras leituras que dão origem aos roteiros literários quando metemos um livro debaixo do braço e vamos à procura dos locais que ali estão gravados para termos a sensação plena do que lemos. Uma espécie de viagem no tempo. Uma mutação das letras em imagens, presenciadas e confirmadas pelos nossos olhos com cheiros. Um livro ali à nossa frente. Real. Palpável.
Os Roteiros Literários existem e estão cada vez mais na moda. Combinados com a tecnologia disponível, os roteiros literários são aliados perfeitos contra a ansiedade, contra a inércia e o sedentarismo.
Para quem gosta de ler e ao mesmo tempo passear, tirar fotografias e socializar, esta é uma experiência única e completamente arrebatadora. Melhor do que nos transportarmos pela imaginação ao local que o autor descreve, e, comprovadamente, viver o que lemos.
De livro em punho seguimos os trilhos, vemos os monumentos, cheiramos a comida daquele local e degustamos aquele licor com que o autor baptizou o romance entre personagens.
Através dos Roteiros Literários, temos o melhor turismo possível. Ler e viajar. Há lá melhor combinação possível? Desconfio que haja.
Nota: este artigo foi escrito em PT-PT seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico
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Last modified: 29/11/2024