Por: Shirlei Gall
Há quem diga que o tempo é o maior aliado da criação – ou seu crítico mais exigente. Na verdade, ele é ambos. Em cada passo da jornada artística, o tempo acompanha, desafia e, ao mesmo tempo, amadurece o que um dia foi apenas uma faísca de ideia. Ele estende camadas invisíveis de significado que, só com a passagem dos dias, das semanas, dos anos, vão se consolidando como parte inseparável da nossa essência criativa.
Para o artista, o tempo nunca é passivo; ele pulsa nas entrelinhas do silêncio, nas pausas e naquilo que a pressa não alcança. Cada pincelada, verso ou melodia é uma conversa com esse tempo – às vezes apressado, noutras tão vagaroso que quase nos escapa. É nesse espaço que o impulso inicial se transforma, ganhando novas cores e novos significados.
Enquanto o tempo transforma o mundo ao redor, ele também transforma nosso olhar. À medida que os dias passam, somos moldados pelos encontros, pelas inspirações súbitas e pelos silêncios que ressoam internamente. A criação é uma resposta a essas experiências, e o tempo se torna o portal onde memórias, desejos e reflexões se encontram e ganham forma.
Há um mistério na maneira como o tempo age sobre o que produzimos. No início, surge o impulso de registrar o presente; mas, com o tempo, percebemos que cada obra carrega também fragmentos do passado e, curiosamente, uma promessa do futuro. O que criamos é uma ponte entre o que fomos e o que aspiramos ser. Nesse sentido, o tempo é o material invisível, a estrutura que dá profundidade à nossa própria essência criativa.
E talvez essa seja a verdadeira magia do tempo na arte: ele não apenas registra o que sentimos, mas desafia nossas certezas, revela o que estava escondido e nos impulsiona a seguir em frente, mesmo sem um destino claro. Convido você a caminhar por essa reflexão – a perceber que, assim como o tempo dá forma às nossas vidas, ele também imprime sua marca na criação.
A partir de hoje, vamos explorar juntos como o tempo molda, desafia e redefine o ato de criar. Que este espaço seja um convite para desvendar os momentos que transformam a criação em uma experiência única e eterna, onde, quem sabe, possamos encontrar um pouco da nossa própria essência pelo caminho.
Last modified: 06/11/2024
Magnífico texto! Como poeta, tenho uma relação muito caótica com o tempo e com sua força perante a criatividade e a observação. E confesso que esse texto me pegou no âmago.
Parabéns Shirlei.