Com Gabi Mattos
Livro – Amores Verdadeiros
“As coisas boas não esperam até a gente estar pronto”

O que classifica ou torna um amor verdadeiro? Seria possível reunir esses elementos em uma lista — uma lista que, ao assinalar determinadas características, culminasse em uma única e genuína resposta para toda a vida? Ou será que, ao longo de nossa jornada por este mundo, marcada por tantas evoluções e mudanças, esbarramos em mais de um amor verdadeiro?
Se antes desta leitura me dissessem que é possível viver mais de um amor verdadeiro, eu diria: “Baboseira!”. Mas hoje me pego refletindo sobre o quanto é real, crível e necessário aceitar que essa possibilidade é, sim, plausível — especialmente diante dos extremos pelos quais passamos.
Neste romance de Taylor Jenkins Reid, conhecemos Emma, que se casa ainda jovem com Jesse, seu grande e primeiro amor do Ensino Médio. Juntos, eles deixam a cidade natal para viver grandes aventuras ao redor do mundo, visitando todos aqueles lugares com que sempre sonharam. No entanto, no aniversário de um ano de casamento, uma tragédia acontece: Jesse sofre um acidente a caminho de seu próximo destino, desaparece no mar e é declarado morto pouco tempo depois. Emma tem o coração estilhaçado ao perder seu amor verdadeiro e, por muito tempo, se recusa a acreditar na morte de Jesse.
Com o apoio da família, Emma retorna à cidade natal, se restabelece e se reinventa na tentativa de superar o luto. Nesse processo, descobre-se diferente da pessoa que imaginava ser: passa a amar sua antiga cidade, assume a livraria dos pais e encontra prazer em novos hobbies, como a leitura. É então que reencontra Sam, um conhecido da adolescência, agora músico, com quem tem a chance de amar verdadeiramente outra vez. Mas Emma não esperava que, anos depois, uma ligação mudaria tudo: Jesse está vivo e retornando para casa.
Emma se vê, então, em uma situação inimaginável: de um lado, seu marido; do outro, seu noivo. Dois amores verdadeiros em uma mesma linha do tempo.
A forma como a autora constrói a história e os personagens é muito boa, embora, desde o início, um dos lados do triângulo amoroso tenha me incomodado um pouco, o que alimentou minha predileção pelo outro. A escrita é fluida, tornando a leitura leve e rápida, com algumas frases de efeito aqui e ali — um ótimo livro para ler em um único dia.
Apesar da trama parecer pouco crível nos dias de hoje (alguém desaparecer no mar e reaparecer anos depois), o tema abordado é extremamente válido e me levou a refletir sobre questões que nunca antes havia considerado: como a vida nos coloca diante de escolhas difíceis e, para fazê-las, precisamos primeiro nos entender e nos escolher. Quem fomos, quem somos e quem queremos ser. Amores que um dia pareceram certos e perfeitos podem, com o tempo, perder o sentido — e é preciso deixá-los ir, permitir que se transformem.
Ainda assim, a autora não se aprofunda muito nesses temas, o que pode ser positivo ou negativo, dependendo do perfil do leitor, já que deixa em suas mãos parte das reflexões.
É um daqueles livros que vão além do romance, trazendo também um pano de fundo dramático, com conflitos familiares e amizades leais, que estão sempre ali para apoiar. Dinâmico, sensível e perfeito para curar uma ressaca literária.
Arte CULTURA Literatura Livros RESENHA
Last modified: 03/07/2025