“Nos Estados Unidos dos brancos, presídios são lugares bons onde homens e maus pagam por seus crimes. Nos Estados Unidos dos negros, esses espaços são muitas vezes utilizados como depósitos para manter as minorias longe das ruas” (p.69).

Essa citação representa muito o mote central desse livro: falar sobre o sistema judiciário racista, corrupto e falho dos Estados Unidos. Muito parecido com o nosso, não é?!
Na obra, acompanhamos um thriller de suspense e investigação de tirar o fôlego. Um livro necessário de mistério com tom de crítica social pertinente à situação de centenas de pessoas pretas.
Em uma cidadezinha da Flórida, o advogado Keith Russo é assassinado a tiros em seu local de trabalho. O criminoso não deixa indícios e não há testemunhas, mas a polícia rapidamente começa a investigar Quincy Miller, um jovem negro que havia sido cliente de Keith.
Quincy enfrenta um julgamento, é declarado culpado e recebe uma pena de prisão perpétua. Por 22 anos, ele mantém sua inocência, mas ninguém parece ouvi-lo. Em sua angústia, Quincy decide escrever uma carta para os Guardiões da Inocência, um grupo pequeno que atua na luta contra condenações errôneas e apoia aqueles que foram negligenciados pelo sistema jurídico.
O pedido de Quincy persuade o advogado Cullen Post, que decide dar início à sua própria investigação. Contudo, o caso se revela muito mais complicado – e arriscado – do que ele anteviu. As figuras influentes e implacáveis responsáveis pela morte de Keith Russo estão determinadas a impedir que Quincy Miller seja exonerado.
Este é aquele livro que lhe pega através do sentimento de revolta, afinal, a injustiça e o sentimento de incapacidade fazem parte de toda a trama. Acompanhar Cullen, literalmente nadando contra a maré de um sistema falho e que pune a maioria das pessoas negras, é angustiante.
“Esse negócio às vezes é sujo. Somos forçados a lidar com testemunhas que mentiram, policiais que fabricaram evidências, peritos que enganaram júris e promotores que fizeram acordos em troca de perjúrios. Nós, os mocinhos, percebemos com frequência que sujar as mãos é a única maneira de salvar nossos clientes” (p.132)
Recomendo muito esta leitura e espero que esta denúncia em forma de livro, abra os olhos dos leitores sobre a desigualdade social e racial da sociedade que estimula, de forma perversa, a punição da comunidade negra em todo o mundo.
Boa leitura!
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Last modified: 18/08/2025