Poemas semanais com Alex Brito
na pele da terra, a fome estampa marcas
o ventre vazio, súplica em cada olhar
entre os grãos da indiferença, tantas barcas
navegam famintos, em busca de um lugar
no banquete dos opulentos e prósperos
sobra desperdício, fartura a jorrar
enquanto no canto oculto dos desesperos
a fome voraz, implacável, a lamentar
é um grito silente, uma voz sufocada
que clama por justiça, por um pão a partilhar
a fome não é destino, é chaga arraigada
fruto de sistemas que não querem mudar
ó sociedade, desperta do torpor
cria caminhos, tece redes de empatia
para que a fome, enfim, seja só lembrança
e a dignidade humana seja a rima que se anuncia
com mãos unidas, derrubemos os muros
da desigualdade que a fome perpetua
e no coração de cada um, cultivemos
a semente do amor, que ela possa brotar
Last modified: 27/06/2025