Já assistimos, escutamos e lemos sobre este tema de diversas formas, mas nunca do ponto de vista proposto por esta montagem do Coletivo de Galochas! Sob a perspectiva da luz do sertão, da cor do couro, do pisado do xaxado e do sotaque arrastado. É como uma criança na feira de Caruaru que puxa um livreto de cordel e embarca numa história que parece muito distante no tempo e no espaço, mas que a envolve gentilmente numa aventura inesquecível! O texto humaniza este levante, o movimento político, atribuindo personalidade a nomes que não aparecem nos livros. Apesar de Prestes estar no título, a encenação do diretor (e dramaturgo) @instadorafaelpresto tira o protagonismo do líder e entrega para a periferia, para a zona, para o revolucionário que não sabe ler, para quem fica nas entrelinhas da história oficial. Personagens trazidos a partir da pesquisa do grupo e por isso tão gente, tão perto do que somos.
Vou apontar dois destaques (mas poderiam ser muitos). A personagem Tia Maria @mona_rikumbi que pontua as ações com sabedoria ancestral. Imagine “Les Misérables” com intervenções de um orixá.
O musical ganha camadas que nos descama até o riso, até o choro! O outro destaque vai para a banda que toca ao vivo acompanhada pela percussão de @maiconmaura que usa materiais do nosso dia a dia (garrafão de água, bolsa plástica etc).
COLUNA PRESTES, este drama musical do @coletivodegalochas, sobe no palco com elenco e equipe inteiramente entregues e guiados por uma vibe que a plateia sente e arrepia. Se “toda marcha começa com um passo” (fala da peça), que o nosso teatro nunca descompasse desse movimento para criarmos musicais genuinamente brasileiros.
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COLUNA PRESTES
Galeria Olido, julho 2023
