Coluna: Banco de resenhas – por: Gabi Mattos
“Quero provar que posso ser diferente da minha mãe. Ser feliz é a minha vingança.”
Nesse suspense, que teve sua estreia primeiramente como filme na tela do Festival de Cinema de Gramado, conhecemos Eva, mãe de gêmeas, artesã de bebês reborn e esposa de um advogado ainda no início da carreira. A família vive alegre e feliz em um condomínio do Rio de Janeiro, com tudo à sua disposição, mercados, ótimas escolas particulares, diaristas, segurança máxima e as mais diversas opções de diversão para as crianças. É nesse cenário que Eva descobre sua gravidez e uma versão da maternidade não tão perfeita, que vai ameaçar toda a sua rotina e a sua tão sonhada família perfeita.
Eva, que não teve a mãe dos sonhos, se empenha para dar tudo de si à sua família e ser a melhor mãe de todas, equilibrando vida social, cuidar dos filhos, da casa, do marido e ainda trabalhar com seus bebês reborn. Quando Lucas nasce, ela enfrenta o desafio de uma criança exigente, que demanda todo sua atenção e cuidado, balançando o ciclo e harmonia perfeitos que reinavam em seu lar. Ao perceber um hematoma na barriga do seu bebê, Eva começa perceber que nada é tão perfeito quanto imaginava, desencadeando uma série de estranhos eventos e segredos do passado, que fica impossível para de ler.
Uma família perfeita é o suspense perfeito para se ler em um dia, pois depois dos primeiros capítulos, somos sugados para dentro da história dessa família e só paramos quando chegamos à reviravolta final.
A escrita do autor é muito envolvente e fluida, de modo que as páginas passam sem que percebemos e a frase “só mais um capítulo nunca foi mais verdadeira”. Os personagens são tão reais e palpáveis, que parece crível encontrá-los no mercado ou no parque, pois são muito bem construídos, mas nem um pouco confiáveis. Apesar disso, o autor peca ao deixar várias pontas soltas, detalhes que solta pela história para construir suas teorias, mas que acaba por não amarrá-los ou explicá-los. O final, particularmente, não me agradou, pois termina de modo abrupto e repentino, nem um pouco plausível e a reviravolta pode ser previsível.
É uma obra que trata não somente de maternidade, mas sobre relações familiares e aparências. Ainda não tenho uma opinião completamente formada sobre ser um livro escrito por um homem, tratando de assuntos tão importantes como o ser mãe, mas acredito que em se tratando disso, podemos e devemos antes falar de inúmeras outras mulheres autoras que realmente passaram pela maternidade e a retratam em seus escritos com maior precisão, cuidado e lugar de fala.
É um ótimo suspense de entretenimento, viciante e extenuante. Ainda não tive a oportunidade de assistir ao filme, mas espero fazê-lo muito em breve.
CULTURA Literatura Livros RESENHA
Last modified: 18/11/2024
