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O OLHO MAIS AZUL: o retrato cruel do racismo em forma de literatura

Por Bruno Azevedo

De longe esse é um dos livros mais tristes e viscerais que já li. Pensar numa sociedade racista ao ponto de nos adoecer, reflete como a luta antirracista ainda deve persistir atualmente.

Sinopse: O desejo de Pecola Breedlove em ter os olhos azuis retrata diretamente a tentativa de mudança da sua própria condição. Para ela, ter os olhos azuis acabariam com todos os sofrimentos que passa, uma vez que eles (os olhos), representam pessoas que possuem uma realidade muito melhor que a dela.

Nessa história, acompanhamos a vida de nossa sofrida protagonista que é constantemente maltratada pela sociedade e sonha em poder mudar seu destino adotando traços fenotípicos brancos. Para ela, sinônimo de felicidade e bem-estar é ter a pela branca, os olhos azuis e os cabelos lisos, algo muito adverso à sua real realidade: pele preta retinta, cabelos crespos e olhos negros.

Este é um aspecto cruel da sociedade que tem nos traços pretos o sinônimo da tristeza e da rejeição. Afinal, ser preto é conviver com a injustiça, a violência e com a dor imposta de forma impiedosa.

“Os Breedlove não moravam na parte da frente de uma loja por estarem passando por dificuldades temporárias, adaptando-se aos cortes na fábrica. Moravam ali por serem pobres e negros, e ali permaneciam porque se achavam feios. Embora sua pobreza fosse tradicional e embrutecedora, não era exclusiva. Mas sua feiura era exclusiva. Ninguém teria conseguido convencê-los de que não eram implacável e agressivamente feios”. (p.48)

A feiura, a pobreza e os maus tratos fazem parte da rotina das pessoas pretas de forma cruel. Pecola, uma menina doce e amável, vai adoecendo com essa realidade e simboliza cada um de nós que sofre com esse mesmo martírio social. Ela é a representação “ideal” de como a sociedade nos mata por dentro: nossa alegria, nossa felicidade, nossa capacidade de sonhar.

Este é mais do que um livro, é um retrato social considerado uma das obras mais impactantes escrito pela autora que retrata não só aspectos raciais, mas de gênero e classe social.

Toni Morisson, referência da literatura norte-americana, foi a primeira mulher negra a ganhar um Nobel, em 1993.

Recomendo fortemente esta leitura fazendo, é claro, os paralelos da ficção com a nossa vida real. Afinal, o racismo foi, é e continua sendo cruel!

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Last modified: 13/05/2025

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