Um deleite da literatura brasileira escrito por Socorro Acioli

Imagina ser uma jornalista competente e aluna de nada mais nada menos que Gabriel Garcia Marques. E, além disso, escrever uma preciosidade com foco na cultura nacional nordestina com base numa oficina ministrada pelo autor. Pois é, esta é a história da produção de um dos livros mais interessantes que eu já li na vida: “A Cabeça do Santo”.
SINOPSE: Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará. Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo.
Dentro desta cabeça, Samuel começa a escutar vozes femininas de manhã bem cedo, o que depois, reconhece serem orações para Santo Antônio. Envolto em um realismo mágico envolvente, Socorro Acioli se inspirou em um fato real para escrever essa trama que nos mostra um pedacinho da cultura e da fé nordestina no santo católico.
A obra nos mostra a história de personagens com sonhos e frustrações, mas também, a necessidade de perdão, já que o entrelace narrativo permeia as ações de um passado não tão distante.
A autora escreve um livro muito gostoso de se ler. A linguagem fluida, as descrições bem construídas e as falas divertidas (sobretudo, características do povo nordestino), torna a leitura agradável e fácil de se envolver. Eu fiquei apaixonado pelo enredo do início ao fim.
“Tinha muita coisa pra dizer e as palavras que não se dizem ao morto queimam na boca para sempre.”
“Era tudo tão lindo que nem coube nos seus pequenos sonhos. Ela precisou aprender a sonhar mais.”
“Nem toda saudade é triste.”
Recomendo a leitura e já estou muito curioso para ler “Oração para desaparecer”, da mesma autora.
Por Bruno Azevedo
Autor: Socorro Acioli
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 176
CULTURA Literatura Livros RESENHA
Last modified: 28/03/2025
Que incrível! Não conheço, já quero ler 😍