Por Marcos André e Alex Brito

Na última quinta-feira, 29 de maio, o cenário cultural russo foi marcado por um acontecimento singular que ganhou destaque nas telas da “Astrakhan 24”, uma das principais emissoras de televisão da região. Pela primeira vez, autores russos tiveram suas obras publicadas nas páginas de uma revista internacional, e não qualquer revista. A Aorta, com sua proposta inovadora de difusão literária, chegou ao público russo de maneira irremediável, trazendo consigo não só palavras, mas uma ponte cultural que une continentes.
Em um bate-papo entusiástico, Marcos André, representante da Aorta na Rússia, e Natália Tatarintseva, diretora do centro de mídia do Sistema Centralizado de Bibliotecas e responsável pela comunidade literária “VYZ”, desfiaram a história por trás dessa colaboração inédita. A jornada de seleção dos autores, a entrega dos exemplares físicos que agora adornam as estantes das bibliotecas russas e o simbolismo que envolve essa parceria transnacional – tudo foi retratado com a paixão de quem entende que a arte é capaz de atravessar barreiras.
O que torna essa edição da Aorta ainda mais especial, como pontuou Natália, é a “dupla tradução” que, ao mesmo tempo, garante aos russos o contato direto com as obras, em russo, e aos brasileiros, a chance de acessar as traduções em português. “Para muitos de nossos autores, essa é a primeira vez que eles veem seu trabalho publicado em outro idioma, e mais, com visibilidade mundial. Para nós, é uma verdadeira vitória”, disse Natália, com a alegria visível no rosto. E, de fato, é uma vitória que ecoa longe, pois, ao abrir as portas da literatura russa para o Brasil, a Aorta também começa a deixar suas pegadas nas páginas do mundo.
Mas essa não é uma parceria que surgiu da noite para o dia. A relação entre a Aorta e a Rússia já é consolidada e permite que os leitores brasileiros descubram as riquezas da literatura russa que, até então, eram desconhecidas. “Uma das edições, inclusive, trouxe a capa desenhada por uma artista russa. É nossa forma de reconhecer e integrar culturas”, acrescenta Marcos André, enquanto as imagens das estantes russas preenchiam a tela da televisão.
Durante o programa, o apresentador Yuri Ashaev, que também é um renomado ator e figura de peso no cenário cultural da Rússia, fez questão de ler alguns poemas da revista com a emoção de quem compreende o poder da palavra. O tom de júbilo que transbordava da tela fazia daquilo mais que uma simples leitura: era uma celebração de algo muito maior, uma fusão de histórias e culturas que se entrelaçam, atravessando oceanos.
Há, no entanto, pequenos detalhes que fazem a grandiosidade de um projeto como esse. O entusiasmo dos operadores de câmera, ansiosos para contribuir nas próximas edições da Aorta, revelou uma curiosidade genuína e uma vontade de fazer parte dessa história. São esses gestos, quase invisíveis, mas com imenso significado, que transformam a Aorta de uma revista em um movimento cultural vibrante.
Agora, com novos projetos à vista, a expectativa para o futuro da parceria é palpável. Não apenas as páginas da revista prometem ser preenchidas com mais relatos literários, mas as possibilidades de intercâmbio entre autores, leitores e culturas se expandem diante de nós. A Aorta, assim, se reafirma como um elo poderoso entre o Brasil e a Rússia, atravessando fronteiras e conectando corações por meio da arte de contar histórias.
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Last modified: 03/06/2025